Dependência química e família: quais caminhos podem seguir para enfrentar a doença
Para o dependente químico é difícil voltar para casa no estado em que se encontra, por isso, ele opta por ficar na rua. Nesse momento ele não lembra de mais nada ou de ninguém, é capaz de abandonar a si mesmo para ir atrás da droga. Ele não mente só para os familiares, mas também para os amigos e conhecidos. Especialista em Dependência Química pela UNIFESP, pós-graduado em Filosofia
Aumento da dependência química
Para aqueles que vivem com tal pessoa, é complicado saber como agir neste caso, o que pode até fazer as pessoas pensar que o viciado químico não tem sentimentos. Consequentemente, ele tende a reunir principalmente emoções e sentimentos negativos, o que pode causar-lhe ansiedade. Ela acaba sendo o caminho mais vantajoso no combate ao uso de álcool e outras drogas.
Abandono progressivo de comportamentos e hábitos pregressos
A compulsão digital é a “caçula” das dependências comportamentais, na definição do psiquiatra Aderbal Vieira Júnior, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). No livro Dependências Não Químicas e Compulsões Modernas (Atheneu), ele explica que a dependência de internet não é caracterizada essencialmente pelo tempo gasto nas telas — e olha que o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking dos países que passam mais tempo online. Outro caminho para quem busca ajuda é o programa Narcóticos Anônimos (NA), grupo de mútua ajuda clínica de recuperação de drogas que atua em todo o país, sem fins lucrativos, onde adictos em recuperação se reúnem regularmente. Então, se a família tenta conversar com essa pessoa, que está anestesiada pelo efeito da droga, ela não tem compreensão e aceitação, explica Cleuza. “Na doença, a família se adapta ao dependente, né? E no tratamento, o dependente se adapta à família. Isso depende dos pais tomarem as regras”, cita. Raphael destaca que a vida do dependente gira em torno da droga, ou seja, ele abre mão de prioridades e responsabilidades.
As consequências do uso de drogas
Não importa se ele vai perder o vínculo com amigos ou familiares, o que o interessa é o prazer que a droga lhe proporciona. Com o nível de progressão da doença o dependente químico não quer saber da opinião de seja quem for. Sua mente está tomada pelas amarras da sensação de prazer que as drogas proporcionam. O mais triste disto é que, na realidade, o dependente químico é uma vítima. A ligação emocional do dependente químico é com um objeto ou acontecimento e não com pessoas, eles manipulam as pessoas e as tratam como objetos e acham que não faz sentido os outros se ofenderem.
A procura por tratamento entre adultos, jovens e adolescentes tem aumentado na última década. Destarte, o conhecimento sobre o perfil dos clientes com dependência química pode auxiliar na elaboração de estratégias de prevenção e tratamento, buscando integrar profissionais de saúde, família, usuário e sociedade. Ao considerar o quanto o CAPS-ad pode contribuir para o desenvolvimento da autoestima dos drogaditos, é imprescindível que os profissionais de saúde abandonem a concepção hegemônica acerca do fenômeno da dependência química, redirecionando seu modo de intervenção. Nesse sentido, os serviços de reabilitação psicossocial, como o CAPS-ad, desenvolvem ações que contribuem para a independência do usuário frente à vida, favorecendo a reinserção dos indivíduos no território por meio da ampliação das redes social e cultural que os cercam. Para tanto, faz-se necessário construir espaços que possibilitem a inclusão social dos usuários por meio de ações que incitem a reflexão, a educação em saúde e a redução do consumo de drogas(11-12).
Com a abordagem adequada da psicologia, o tratamento da dependência química se torna mais eficaz e sustentável. A compreensão desses transtornos mentais na dependência química é essencial para oferecer um tratamento eficaz, visando não apenas a recuperação da dependência, mas também o bem-estar mental do indivíduo. Portanto, é fundamental buscar ajuda profissional para avaliação e diagnóstico adequados, de modo a garantir um plano de tratamento personalizado e eficiente. O tratamento para a dependência química e os transtornos mentais geralmente devem ser integrados. Uma abordagem multidisciplinar, incluindo suporte psicológico, terapia e cuidados médicos, é necessária para abordar tanto os aspectos físicos quanto os psicológicos do problema.
Em seguida, o profissional direciona o tratamento adequado, de acordo com a história e características do dependente químico. Cleuza sugere que, ao descobrir que há este problema com alguém próximo, o primeiro passo é buscar um profissional especialista no assunto, independentemente da vontade do familiar. A psicóloga também destaca que, mesmo que um dependente químico se comprometa a parar de usar drogas, provavelmente continuará, justamente por perder a capacidade de discernimento. De acordo com o psicólogo, quando não há participação familiar, os dependentes sofrem porque a família continua infantilizando e controlando a vida deles, sem ajudar efetivamente.
Para quem convive com uma pessoa assim, fica difícil saber como agir nessa situação, o que pode fazer pensar até que o dependente químico não tem sentimentos. Às vezes é difícil saber como funciona a mente de um dependente químico, pois ele já não é mais o mesmo, devido às alterações que ocorrem em sua mente e comportamento. A doença da dependência química é um assalto contra a pessoa, mas ele não pensa nisso com um sentido lógico. Na progressão da doença da dependência, o dependente químico se volta para dentro, os outros sentem o afastamento emocional e reagem. Existem clínicas e hospitais habilitados a internar pacientes com dependência por drogas e nortear seu processo de reabilitação. Existem entidades que convidam dependentes a participar de reuniões ou sessões, como Alcoólicos Anônimos, Devedores Anônimos e Comedores Compulsivos Anônimos.
Espiritual significa estar ligado a um sentido e ao mundo que nos rodeia. Identificar os fatores que podem levar à dependência química é fundamental para a prevenção e o tratamento adequado. A conscientização sobre os fatores de risco e a importância de um ambiente saudável e de suporte emocional são medidas importantes na prevenção. Quanto ao tratamento, é essencial abordar tanto os fatores genéticos quanto os ambientais, oferecendo suporte psicológico, terapia comportamental e, quando necessário, intervenção médica. Além disso, a terapia individual e em grupo auxilia o dependente a explorar profundamente suas emoções, aprender estratégias de enfrentamento saudáveis e desenvolver habilidades de resiliência para lidar com os desafios da vida sem recorrer às drogas.
Por conta disso, a dependência química também é caracterizada como um transtorno mental relacionado ao uso de substâncias. O comportamento de um dependente químico também pode ser influenciado pelas consequências adversas do uso de drogas. Muitas vezes, os dependentes enfrentam problemas financeiros, legais e sociais devido ao seu comportamento relacionado ao uso de substâncias, o que pode levar a comportamentos de risco, incluindo práticas criminosas e negligência de responsabilidades pessoais e profissionais.